sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SUGESTÃO


Sede assim – qualquer coisa
Serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,
Sem pergunta.

Onda que se esforça,
Por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmente
Os noivos abraçados
E os soldados já frios.

Também como este ar da noite:
Sussurrante de silêncios,
Cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,
Sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
Vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,
Ao camelo que mastiga sua longa solidão,
Ao pássaro que procura o fim do mundo,
Ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim qualquer coisa
Serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.

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