Sede assim – qualquer coisa
Serena, isenta, fiel.
Flor que se cumpre,
Sem pergunta.
Onda que se esforça,
Por exercício desinteressado.
Lua que envolve igualmente
Os noivos abraçados
E os soldados já frios.
Também como este ar da noite:
Sussurrante de silêncios,
Cheio de nascimentos e pétalas.
Igual à pedra detida,
Sustentando seu demorado destino.
E à nuvem, leve e bela,
Vivendo de nunca chegar a ser.
À cigarra, queimando-se em música,
Ao camelo que mastiga sua longa solidão,
Ao pássaro que procura o fim do mundo,
Ao boi que vai com inocência para a morte.
Sede assim qualquer coisa
Serena, isenta, fiel.
Não como o resto dos homens.
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